top of page

CHOQUE DE SENSIBILIDADE E ANGÚSTIA BENÉFICA

Abril, 2014

 

“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. (2Cr 7. 14).

 

A igreja do Senhor Jesus aqui na terra necessita de um choque de “sensibilidade” para um quebrantamento espiritual capaz de transformar situações desfavoráveis. Se quisermos vencer o mal, precisamos sair da “zona de conforto” e ir para o campo da espiritualidade e intimidade com Deus.

 

Ouvi recentemente uma pregação em vídeo do evangelista e pastor David Wilkerson (in memorian) falando sobre “batismo na angústia”. Ele citava a experiência do profeta Neemias, que diante da situação triste em que se encontrava Jerusalém, se angustiou profundamente, não poupando o seu tempo para orar, jejuar e clamar pelo povo corrompido pela maldade e pecado. Enfrentando aquela realidade sombria, Neemias se quebrantou e se humilhou na presença do Senhor com arrependimento e perdão.

 

Isso me fez refletir sobre o momento atual ao qual vive a Igreja. Nunca se viu tantos eventos, encontros, congressos, seminários, etc., com o objetivo de evangelizar pessoas e promover o avivamento espiritual dos cristãos (um esforço para se ter uma vida de santificação nesse mundo mal).

 

Contudo, notamos que o resultado prático desse processo na vida da igreja tem sido pouco eficiente. Não obstante a esses movimentos pró-avivamento e evangelísticos, shows gospel, etc. podemos dizer que a igreja vive uma crise de “paralisia sentimental”; na qual nos tornamos insensíveis para as causas do reino de Deus e frios com a situação caótica do mundo, da sociedade e das pessoas que, cada vez mais, se perdem no submundo da corrupção e do pecado.

 

Na realidade, nos incomodamos e nos angustiamos muito facilmente com aquilo que atinge a nossa vida em particular, numa clara demonstração do nosso egoísmo. Como por exemplo, quando somos prejudicados por alguém que nos causou um dano financeiro ou até mesmo por coisas mais banais, como uma fechada no trânsito, os grandes engarrafamentos e as filas do nosso dia a dia; pior é quando saímos do sério, perdendo o nosso precioso tempo, nos deixando angustiar por esses problemas sem grande importância.

 

No entanto, para as coisas mais significativas que estão além do nosso “ego”, como a sociedade corrompida, as mazelas sociais, a necessidade das pessoas sofridas com o mal que assola esse mundo; muitas vezes nos tornamos tão frios a ponto de não nos sensibilizarmos e nos movermos para uma ação transformadora que tal situação requer.

 

Estamos ocupados demais com a satisfação própria dos nossos desejos, dos nossos caprichos existenciais, com os deleites que a sociedade contemporânea tem proporcionado sem medida, através da mídia, o consumismo exacerbado e tantas atrações que induzem o ser humano a grandes momentos de prazer e alegria. Além disso, vivemos o corre-corre do trabalho do cotidiano que tem nos impedido de parar para uma maior dedicação ao reino de Deus e a sua justiça. Estamos cada vez mais insensíveis à situação e a realidade do mundo, da natureza e de nossos semelhantes.

 

Precisamos, mais do que nunca, de um quebrantamento espiritual verdadeiro que transforma a nossa vida interior e nos provoque um choque de sensibilidade. De uma igreja avivada de fato e não somente de discurso, de cristãos quebrantados diante de Deus e experimentados pela graça do Senhor Jesus, de “odres novos” (que somos nós) para receberem o “vinho novo” (essa ação tremenda do Espírito Santo que transforma o ser e promove o verdadeiro avivamento espiritual).

 

Necessitamos urgentemente, como diz o Pr. David Wilkerson, de um “batismo de angústia”, que nos mova e nos desperte para o quebrantamento diante do nosso Pai celestial. Para que o povo de Deus seja sensível para o choro e para a angústia, assim como, naquele tempo, Neemias chorou e se angustiou com a triste situação de Jerusalém. Neemias não poupou o seu tempo para se dedicar à oração e ao jejum, clamando a Deus por misericórdia daquele povo corrompido pela maldade e pelo pecado. Ele se quebrantou humildemente na presença do Senhor com arrependimento e perdão, se colocando também no lugar daqueles que haviam transgredido à Lei de Deus. Foi assim que o Senhor ouviu as suas orações, concedendo a vitória ao seu povo e restaurando os muros de Jerusalém. Neemias foi um homem humilde e vitorioso porque viveu na total dependência de Deus.

 

O seu exemplo nos mostra de modo bem claro de que a oração, o sacrifício, o trabalho árduo e a perseverança operam em conjunto na realização de uma visão dada por Deus.

 

Portanto, devemos nos humilhar diante do nosso soberano Deus, nos quebrantar pedindo mais sensibilidade e amor pelas causas do reino do Senhor. Para que possa vir a nós uma angústia benéfica que nos desperte para a ação. Buscando a plenitude do Espírito Santo que nos moverá para o amor, a compaixão, o perdão e o altruísmo.

 

 É isso que a igreja de Jesus aqui na terra precisa ter, para o enfrentamento das batalhas nesse mundo. Assim como Neemias, com o coração angustiado e quebrantado, devemos orar muito mais pelas pessoas, pelo povo e pela sociedade na qual tem se multiplicado a iniqüidade, e por sua vez levado ao esfriamento do amor de muitas pessoas.

 

Graça e Paz de Jesus!

Jaécio Matos

 

Please reload

  • Wix Facebook page
  • Wix Twitter page
  • Wix Google+ page

O QUE FAZEMOS NO MUNDO?

(Jaécio Matos)

 

         O mundo mudou, ou melhor, vem mudando ao longo da história. Os avanços da ciência e tecnologia em conjunto com as novas relações sociais; potencializadas pelas redes de internet, vem promovendo mudanças de comportamento nos seres humanos.

     Não obstante, não há garantia que todo processo de mudança gere desenvolvimento qualitativo para a sociedade. Não há como negar os inúmeros benefícios. No entanto, também são grandes os males causados. Todos sonham (ou já sonharam) ter um mundo melhor. Como o saudoso Jonh Lennon dizia: Não sou o único sonhador. Resta saber que mundo melhor é esse que queremos.

         Quando pensamos em um mundo melhor, logo vem a ideia de justiça social (com a melhoria da qualidade de vida de todos os povos), a garantia da dignidade da pessoa humana e a extinção da pobreza. Na realidade, esse sonhado mundo melhor não seria impossível. O fato é que o poder econômico e os governos constituídos poderiam resolver nossos principais problemas. Dinheiro não falta no mundo para isso, mas os interesses escusos do grande capital, entre outros fatores, aniquilam tal possibilidade de distribuição mais justa da renda para a população. Eles priorizam as guerras ao invés da paz. Nosso mundo é maravilhoso, mas também é terrível. E a gente quer mesmo é viver, é cantar, é sorrir e ser feliz. 

         Na sociedade, várias são as opiniões e os discursos acerca de como fazer para tornar nosso mundo melhor. Rita Lee, em uma de suas canções, diz: "Me cansei de lero, lero... Me cansei de escutar opiniões de como ter um mundo melhor". E termina a música com esse verso: "Mas, enquanto estou viva e cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz." Em geral, esse desabafo expressa também o nosso sentimento de que existem muito mais palavras do que ações efetivas no trato dessa questão, embora saibamos que estamos diante desse imenso desafio. A filosofia, a ciência, as artes, as religiões tentam encontrar os caminhos. No fundo mesmo, o que necessitamos é de humanidade, é fazermos jus ao privilégio de sermos chamados de "humanos".

         Assim, não podemos deixar de reconhecer que, apesar de não sermos capazes, individualmente, de mudar o mundo, podemos fazer parte (se assim quisermos) de uma "corrente do bem", em que a soma contagiante da benignidade poderá afetar a todos. Mas, vale o velho ditado: "Se não podemos (ou queremos) mudar o mundo, podemos mudar a nós mesmos". O velho homem existente em nós não será capaz de agir nessa direção, devido a preconceitos, orgulho, intolerância, imoralidade, intransigência... Realmente, precisamos todos de um “novo nascimento”.

         Temos a vida e a obra do Mestre Jesus Cristo como o maior exemplo deixado para a humanidade. Ele revolucionou o mundo inteiro com suas atitudes, ações e seu grande amor. Ensinou-nos como devemos viver e amar. Em um de seus marcantes ensinamentos, Ele alertava: "De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma"? Porque estamos perdendo a nossa alma, ou seja, a alma aqui significando nossa humanidade, os valores universais, a nossa civilidade, a nossa solidariedade, a nossa honra, a nossa dignidade, o nosso amor, tolerância, compreensão, afeto, gratidão... Enfim, ao perder a nossa alma nos tornamos insensatos, imprestáveis, uma espécie de "lixo" para o mundo.

         Na verdade, no fundo, parece que ninguém quer mudar o mundo. Nós, humanos, escrevemos e fazemos a história através das nossas ações. A qualidade da mudança depende da nossa sabedoria, capacidade e ética. A história nos ensina que, até aqui, não encontramos o sentido e a ideal transformação do mundo; e, talvez, não encontraremos. Entretanto, se não mudamos o mundo, podemos sim contribuir para torná-lo um pouco melhor. Seja com ações e projetos sócio-culturais, ambientais, ou até mesmo com pequenos gestos ou atitudes singelas de amor ao próximo, fazendo pessoas mais felizes, sem querer nada em troca.

         Esse nosso projeto "Cafezin dos poetas" também se insere nesse contexto. Dessa forma, propomos continuar fazendo alguém mais feliz, quem sabe. A contribuição das artes, através da poesia, da literatura, da música, etc, é fundamental, pois, certamente, consegue agregar valores essenciais ao desenvolvimento humano. Se cada um faz a sua parte nessa corrente do bem, assim, juntos, podemos muito. Não importa o tamanho de seu feito. O importante é que tenha sido bom. Ele, com certeza, fez diferença no mundo.  Vivemos num grande sistema, onde a atitude de um afeta o todo. Portanto, façamos sempre algo positivo, nem que seja emitir pensamentos iluminados. 

         Para concluir, cito o exemplo brilhante dos girassóis: Mesmo em tempos chuvosos o girassol não cai, não se inclina para baixo. Ao contrário, em tempos nublados, ele se ergue e se vira para outro girassol, em sinal de complacência e ternura. Isso é muito interessante! Se apenas agirmos como os girassóis, vendo e sentindo os outros em nós mesmos, já seria um grande avanço. Essa deve ser uma ação natural, sem obrigação, sem qualquer imposição externa ou barganha, respeitando o nosso livre árbitrio.

         Em síntese, não precisamos ansiar querer brilhar mais do que o sol ou as estrelas. Eles têm seu brilho natural; e nós também temos o nosso. Dalai Lama já dizia: “O planeta não precisa de mais pessoas de sucesso. O planeta precisa desesperadamente de mais pacificadores, curadores, restauradores, contadores de histórias e pessoas amorosas de todo tipo”. A sabedoria está em gente humilde. Nosso "admirável mundo novo" é complexo. Atualmente vivemos (quase todos), de alguma maneira, dependentes das redes sociais. Nesse mundo virtual que substitui cada vez mais o real. Vivemos na era da dissolução dos parâmetros ético-morais da sociedade, em que o individualismo, o egoísmo, o consumismo e a solidão ganham espaço, em detrimento da sinergia altruísta. Todavia, podemos combater o bom combate, seguindo os exemplos de Jesus e dos girassóis, sem o maniqueísmo do bem e do mal. Daqui deste mundo não levaremos nada, mas deixaremos as lembranças.

 

  • Facebook Round
  • Twitter Round
  • YouTube Round
  • Google Round
  • LinkedIn Round

Palavra viva© 2014. Todos os direitos reservados

bottom of page