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VOU ENTRAR PRA LEI DE CRENTE?

Abril, 2014

 

"A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e tornam sábios os inexperientes" (Salmo 19.7).

 

Já ouvi, algumas vezes, essa frase dita por alguém: “Vou entrar pra lei de crente”. Podemos verificar, à luz da Bíblia (Palavra de Deus), que tais pessoas, quando dizem ou pensam assim, devem estar equivocadas quanto à sua percepção do que seja “ser crente”, quando tentam associar o cristão, a uma determinada “lei” (a dita lei de crente), isto é, a um conjunto de regras e preceitos que o crente tem que cumprir e obedecer, numa conduta moral do “não pode fazer isso” porque é pecado.

 

Talvez, o tipo de comportamento aparentemente rígido, legalista e moralista, demonstrado pelos evangélicos ao longo da história, tenha contribuído para esse tipo de entendimento. O fato é que tal entendimento é produzido quando não se conhece com profundidade as Escrituras Sagradas. Certa ocasião, Jesus conversando com fariseus e saduceus (conhecedores da lei) disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras... (Mateus: 22.29).

 

Parece que as leis do velho testamento ainda persistem como um jugo ou um fardo pesado ao qual o ser humano não consegue carregar. Mas, será que, com o nascimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo o homem ainda precisa da lei para tornar- se agradável e aceito por Deus?

 

O apóstolo Paulo, na carta aos gálatas, tenta mostrar os fundamentos da graça segundo a obra de Cristo. A idéia é mostrar que a lei não gerou salvação aos homens, não lhes transformou o caráter. Já em Cristo, qualquer esforço para agradar a Deus e a necessidade de ser aceito por Ele está satisfeita no próprio Jesus.

 

No capítulo 5, versos 5 e 6 de gálatas, Paulo diz: “Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor”. Ou seja: Não há lei que possa dar ao homem valor aos olhos de Deus, apenas a fé que atua pelo amor.

 

Entretanto, a fé que nos liberta da lei não é libertina, mas tem o amor como o fio condutor de uma vida segundo a graça de Cristo. É a “lei” do amor que “dita as regras” daquele que é salvo por graça e fé.

 

De tal forma, não é de se estranhar que Paulo relacione a lei do amor com a comunhão, à servidão ao próximo em gratidão a Deus. O cuidado com o próximo, com a comunhão, o amor que alcança aquele que está do lado; este sim é o sinal visível que demonstra a fé que vem da graça. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (vs.14). “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.” (vs. 22)

 

A pessoa que demonstra ter o fruto do Espírito está praticando a lei de uma forma muito mais precisa do que aquela que, apesar de obedecer aos preceitos e rituais religiosos, tem pouco amor em seu coração.

 

Portanto, conforme as Escrituras Sagradas, entende-se que os verdadeiros crentes não têm lei alguma, muito menos entram por ela. No entanto, entram sim, pela porta da graça redentora de Cristo, para o Reino de Deus. “Pois Ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado (Jesus), em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” (Colossenses 1:13-14).

 

Contudo, é importante salientar: Quem quiser entrar no Reino de Deus deverá primeiro arrepender-se de seus pecados e crer no evangelho de Cristo Jesus: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Marcos 1:15). “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” (Romanos 3:23-24).

 

Jesus um dia falou para Nicodemos, um homem legalista e religioso daquele tempo, que era necessário nascer de novo para poder entrar no Reino de Deus. Jesus ensina que para entrar no Reino de Deus, não basta apenas saber, e certamente Nicodemos, por ser chefe do Sinédrio, era alguém que sabia muito sobre a Lei.

 

Lendo então esse diálogo, que está registrado no livro de João (capítulo 3:3-5) observamos que Jesus mostra a necessidade da interiorização do evangelho e da confiança em Deus, no novo nascimento. Jesus falava de um Deus que não era somente para ser "acreditado" por seus milagres. O mestre se referia à transformação do "ser" para que o Reino de Deus nele se manifestasse: "Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." (João 3:5).

 

Nicodemos não conseguia entender que o reino de Deus não vinha de fora do corpo, mas o reino de Deus era e é algo interior, que deve estar no coração, em primeiro lugar.

Para concluir esse pequeno e singelo texto, constatamos que embora a lei de Moisés estivesse cheia de preceitos de homens, e muito difícil de suportar e cumprir, por outro lado, a “Nova Aliança” (novo nascimento em Cristo Jesus) é perfeita e não causa medo, nem é um jugo ou fardo que ninguém possa carregar; mas ela revigora a alma e nos liberta de todo o mal:

 

Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU, e que nada faço por mim mesmo; mas isto falo como meu Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele. Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. (João 8:28-36).

 

 

 

Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém. (Rom 16:27).

 

 

 

 

 

 

Graça e Paz de Jesus!

 

 

 

 

Jaécio Matos

 

 

 

 

 

 

 

 

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O QUE FAZEMOS NO MUNDO?

(Jaécio Matos)

 

         O mundo mudou, ou melhor, vem mudando ao longo da história. Os avanços da ciência e tecnologia em conjunto com as novas relações sociais; potencializadas pelas redes de internet, vem promovendo mudanças de comportamento nos seres humanos.

     Não obstante, não há garantia que todo processo de mudança gere desenvolvimento qualitativo para a sociedade. Não há como negar os inúmeros benefícios. No entanto, também são grandes os males causados. Todos sonham (ou já sonharam) ter um mundo melhor. Como o saudoso Jonh Lennon dizia: Não sou o único sonhador. Resta saber que mundo melhor é esse que queremos.

         Quando pensamos em um mundo melhor, logo vem a ideia de justiça social (com a melhoria da qualidade de vida de todos os povos), a garantia da dignidade da pessoa humana e a extinção da pobreza. Na realidade, esse sonhado mundo melhor não seria impossível. O fato é que o poder econômico e os governos constituídos poderiam resolver nossos principais problemas. Dinheiro não falta no mundo para isso, mas os interesses escusos do grande capital, entre outros fatores, aniquilam tal possibilidade de distribuição mais justa da renda para a população. Eles priorizam as guerras ao invés da paz. Nosso mundo é maravilhoso, mas também é terrível. E a gente quer mesmo é viver, é cantar, é sorrir e ser feliz. 

         Na sociedade, várias são as opiniões e os discursos acerca de como fazer para tornar nosso mundo melhor. Rita Lee, em uma de suas canções, diz: "Me cansei de lero, lero... Me cansei de escutar opiniões de como ter um mundo melhor". E termina a música com esse verso: "Mas, enquanto estou viva e cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz." Em geral, esse desabafo expressa também o nosso sentimento de que existem muito mais palavras do que ações efetivas no trato dessa questão, embora saibamos que estamos diante desse imenso desafio. A filosofia, a ciência, as artes, as religiões tentam encontrar os caminhos. No fundo mesmo, o que necessitamos é de humanidade, é fazermos jus ao privilégio de sermos chamados de "humanos".

         Assim, não podemos deixar de reconhecer que, apesar de não sermos capazes, individualmente, de mudar o mundo, podemos fazer parte (se assim quisermos) de uma "corrente do bem", em que a soma contagiante da benignidade poderá afetar a todos. Mas, vale o velho ditado: "Se não podemos (ou queremos) mudar o mundo, podemos mudar a nós mesmos". O velho homem existente em nós não será capaz de agir nessa direção, devido a preconceitos, orgulho, intolerância, imoralidade, intransigência... Realmente, precisamos todos de um “novo nascimento”.

         Temos a vida e a obra do Mestre Jesus Cristo como o maior exemplo deixado para a humanidade. Ele revolucionou o mundo inteiro com suas atitudes, ações e seu grande amor. Ensinou-nos como devemos viver e amar. Em um de seus marcantes ensinamentos, Ele alertava: "De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma"? Porque estamos perdendo a nossa alma, ou seja, a alma aqui significando nossa humanidade, os valores universais, a nossa civilidade, a nossa solidariedade, a nossa honra, a nossa dignidade, o nosso amor, tolerância, compreensão, afeto, gratidão... Enfim, ao perder a nossa alma nos tornamos insensatos, imprestáveis, uma espécie de "lixo" para o mundo.

         Na verdade, no fundo, parece que ninguém quer mudar o mundo. Nós, humanos, escrevemos e fazemos a história através das nossas ações. A qualidade da mudança depende da nossa sabedoria, capacidade e ética. A história nos ensina que, até aqui, não encontramos o sentido e a ideal transformação do mundo; e, talvez, não encontraremos. Entretanto, se não mudamos o mundo, podemos sim contribuir para torná-lo um pouco melhor. Seja com ações e projetos sócio-culturais, ambientais, ou até mesmo com pequenos gestos ou atitudes singelas de amor ao próximo, fazendo pessoas mais felizes, sem querer nada em troca.

         Esse nosso projeto "Cafezin dos poetas" também se insere nesse contexto. Dessa forma, propomos continuar fazendo alguém mais feliz, quem sabe. A contribuição das artes, através da poesia, da literatura, da música, etc, é fundamental, pois, certamente, consegue agregar valores essenciais ao desenvolvimento humano. Se cada um faz a sua parte nessa corrente do bem, assim, juntos, podemos muito. Não importa o tamanho de seu feito. O importante é que tenha sido bom. Ele, com certeza, fez diferença no mundo.  Vivemos num grande sistema, onde a atitude de um afeta o todo. Portanto, façamos sempre algo positivo, nem que seja emitir pensamentos iluminados. 

         Para concluir, cito o exemplo brilhante dos girassóis: Mesmo em tempos chuvosos o girassol não cai, não se inclina para baixo. Ao contrário, em tempos nublados, ele se ergue e se vira para outro girassol, em sinal de complacência e ternura. Isso é muito interessante! Se apenas agirmos como os girassóis, vendo e sentindo os outros em nós mesmos, já seria um grande avanço. Essa deve ser uma ação natural, sem obrigação, sem qualquer imposição externa ou barganha, respeitando o nosso livre árbitrio.

         Em síntese, não precisamos ansiar querer brilhar mais do que o sol ou as estrelas. Eles têm seu brilho natural; e nós também temos o nosso. Dalai Lama já dizia: “O planeta não precisa de mais pessoas de sucesso. O planeta precisa desesperadamente de mais pacificadores, curadores, restauradores, contadores de histórias e pessoas amorosas de todo tipo”. A sabedoria está em gente humilde. Nosso "admirável mundo novo" é complexo. Atualmente vivemos (quase todos), de alguma maneira, dependentes das redes sociais. Nesse mundo virtual que substitui cada vez mais o real. Vivemos na era da dissolução dos parâmetros ético-morais da sociedade, em que o individualismo, o egoísmo, o consumismo e a solidão ganham espaço, em detrimento da sinergia altruísta. Todavia, podemos combater o bom combate, seguindo os exemplos de Jesus e dos girassóis, sem o maniqueísmo do bem e do mal. Daqui deste mundo não levaremos nada, mas deixaremos as lembranças.

 

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